A CRUZ NÃO É UM SIMBOLO CRISTÃO !

A CRUZ NÃO É UM SIMBOLO CRISTÃO !

Isso explica facilmente porque algumas religiões que buscam se aproximar do cristianismo dos primórdios tempos pós-morte de Cristo rejeitam e até mesmo abominam esse símbolo como objeto de adoração e reverência por sua origem de culto pagão. Estou fazendo um pequeno apanhado HISTÓRIA DA ARTE CRISTÃ e para facilitar a compreensão e observação das obras de arte, vou fazer algumas postagens específicas, de símbolos importantes para esse período da arte. Veremos nessa postagem especificamente algumas formas de seu símbolo maior.
CRUZ. Palavra de origem latina, cruce – significa antigo instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um atravessando no outro, em que se amarravam ou pregavam os condenados à morte. P. ext. aflição, pena, infortúnio.
Salvação – do lat. salvatione –, ato ou efeito de salvar.
Ao contrário do que se pensa, a cruz é um dos símbolos humanos mais antigos e é usada por diversas religiões, inclusive a cristã. Ela normalmente representa uma divisão do mundo em quatro elementos (ou pontos cardeais), ou então a união dos conceitos de divino, na linha vertical, e mundano, na linha horizontal (Koch, 1955).
A cruz (†) é uma figura geométrica formada por duas linhas ou barras que se cruzam em um ângulo de 90°, dividindo uma das linhas, ou ambas, ao meio. As linhas normalmente se apresentam na horizontal e na vertical; se estiverem na diagonal, a figura é chamada de sautor, ou aspa. Cruzes sempre foram usadas para diversos propósitos, principalmente na matemática.
Cruz de Tau, usada pelos franciscanos no cristianismo. O número romano para dez é X (decússis, em latim).
No alfabeto latino, a letra X e a forma minúscula do T são cruzes.
O caractere chinês para dez é 
 (ver numerais chineses).
A adaga ou obelus (†).
O símbolo de adição (ou soma) (+) e o de multiplicação (ou vezes) (×).
Cruzes são normalmente usadas como sinais, por serem fáceis de se fazer
 com canetas ou lápis, e tornam menos confuso o texto do que um grande ponto. Uma grande cruz por cima de um texto normalmente significa que ele está errado ou deve ser apagado.

Historicamente, não se sabe quando a primeira cruz foi feita; depois dos círculos, as cruzes são um dos primeiros símbolos desenhados por crianças de todas as culturas. Algumas das imagens mais antigas de cruzes foram encontradas nas estepes da Ásia Central e algumas em Altai. A cruz na velha religião altaica chamada Tengriismo simboliza o deus Tengri; ela não era uma cruz alongada, lembrava mais um sinal de adição (+).
Os primeiros livros cristãos da Armênia e da Síria traziam evidências de que a cruz se originou com povos nômades do leste, possivelmente uma referência aos primeiros povos turcos. Em velhos templos armênios, algumas influências de estilo turco são encontradas nas cruzes.
Quanto aos símbolos religiosos, a cruz é o símbolo mais usados, por cristão ou não.
A The Encyclopedia Americana, contudo, fala do “seu antigo uso por parte tanto dos hindus como dos budistas na Índia e na China, e pelos persas, assírios e babilônios”. Similarmente, a Chambers’s Encyclopædia (edição de 1969), diz que a cruz “era um emblema ao qual se atribuiu significados religiosos e místicos muito antes da era Cristã”.

Sem dúvida, não há evidência de que os cristãos primitivos usavam a cruz na sua adoração. Durante os primitivos dias do cristianismo, eram os romanos pagãos que usavam a cruz! Diz a obra The Companion Bible: “Usavam-se essas cruzes como símbolos do deus-sol babilônico...  e são vistas pela primeira vez numa moeda de Júlio César, 100-44 A.C., e daí numa moeda cunhada pelo herdeiro de César (Augusto), em 20 A.C.” O romano deus-natureza Baco era às vezes representado usando uma faixa em volta da cabeça contendo várias cruzes.
E de onde então veio o simbolismo e veneração da cruz na Igreja Católica??Em 312 EC, Constantino, que dominava a área hoje conhecida como França e Grã-Bretanha, partiu para guerrear contra seu cunhado, Maxêncio, da Itália. A caminho, ele teve, alegadamente, uma visão — uma cruz, sobre a qual havia as palavras “Hoc vince”, que significa: “Com este vencerás.” Após a sua vitória, Constantino fez da cruz o estandarte de seus exércitos. Quando mais tarde o cristianismo tornou-se a religião estatal do Império Romano, a cruz tornou-se o símbolo da igreja.
Por que, então, foi a cruz tão facilmente aceita pelos “cristãos”? O Dictionary, de Vine, prossegue: “Por volta dos meados do 3.° séc. A.D., as igrejas ou se haviam apartado ou tinham arremedado certas doutrinas da fé cristã. A fim de aumentar o prestígio do sistema eclesiástico apóstata, aceitavam-se pagãos nas igrejas, à parte de uma regeneração pela fé, e permitia-se-lhes em grande parte reter seus sinais e símbolos pagãos. Assim se adotou o Tau ou T, na sua forma mais freqüente, com a peça transversal um pouco mais para baixo, para representar a cruz de Cristo.”

The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica) chama a cruz de “o principal símbolo da religião cristã”. Num julgamento em tribunal na Grécia, a Igreja Ortodoxa Grega chegou a afirmar que aqueles que rejeitam a ‘Santa Cruz’ não são cristãos.
A Evolução da Cruz


Será que foi o amor a Cristo que fez com que a cruz se tornasse, naquela época tardia, tal objeto de veneração? A Encyclopædia of Religion and Ethics diz: “Com a chegada do 4.° século, a crença em poderes mágicos passou a se firmar mais solidamente no seio da Igreja.” Como no caso de um amuleto, simplesmente fazer o sinal da cruz era considerado “a mais segura defesa contra os demônios, e o remédio para todas as doenças”. O uso supersticioso da cruz continua até hoje.

O instrumento da morte de Jesus é mencionado em textos bíblicos como Mateus 27:32 e 40. Ali, a palavra grega stau·rós é traduzida por “cruz” em várias Bíblias em português por saber que o costume dos Romanos era a crucificação.

1) A cruz com um braço transversal é a cruz do Evangelho. Seus quatro braços simbolizam os quatro elementos que foram viciados na natureza humana, o conjunto da humanidade atraída para o Cristo dos quatro cantos do mundo, as virtudes da alma humana. O pé da cruz enterrado no chão significa a fé assentada em profundas fundações. O ramo superior da cruz indica a esperança que sobe para o céu; a envergadura da cruz é a caridade que se estende aos inimigos; o comprimento da cruz é a perseverança até o fim.

2) A cruz com dois braços transversais representaria, no braço superior, a inscrição derrisória de Pilatos, Jesus de Nazaré, reio dos judeus. O braço inferior seria aquele em que se estenderam os braços de Cristo.

3) A cruz com três braços transversais tornou-se um símbolo da hierarquia eclesiástica, correspondendo à tiara papal, ao chapéu cardinalício e à mitra episcopal. A partir do século XV, só o papa tem direito à cruz com três braços transversais; a cruz dupla se fez privativa do cardeal e do arcebispo; a cruz simples, do bispo. (Chevalier, 1998)
A cruz além de símbolo do cristianismo, a partir do desprendimento dos hábitos judaicos de não fazer imagens de adoração,começou a fazer parte dos simbolos de adoração e peregrinação de cristão católicos.

Ao longo dos anos, desenvolveram-se cerca de 400 diferentes estilos de cruzes. De início, o próprio Cristo não era representado. Em vez disso, representava-se um jovem segurando uma cruz adornada com jóias. Mais tarde, foi incluído um cordeiro. Em 691 EC, o concílio em Trulo tornou “oficial” uma cruz portando o busto de um homem jovem, em vez de um cordeiro. Com o tempo, isto se transformou no crucifixo — uma cruz com a representação do corpo de Cristo.Abaixo,eis alguns exemplos que considero mais importantes,ou pelo menos mais conhecidas...

CRUZ LATINA: Também conhecida como Cruz Cristã ou crux ordinaria (em latim). É o símbolo mais comum do cristianismo, representando o sacrifício redentor de Jesus ao ser crucificado, conforme relatado no Novo Testamento.

CRUZ ANSADA: Ankh.Também conhecida como “Chave do Nilo” e Cruz Ansada (de “ansa”, termo antigo e poético para “asa”, utilizado em especial em contexto cristão, donde o termo latino Crux Ansata). Simbolizava a vida no Egito Antigo.


CRUZ COPTA: Coptas(cristão egipcios). Copta significa egipcio.Um pequeno círculo do qual emanam quatro braços de igual comprimento, com elementos em forma de T nos cantos (as hastes horizontais dos Tt apontam para o círculo) que representam os pregos usados na crucificação de Jesus.



CRUZ CELTA: Higth cross. São cruzes celtas de pedra encontradas na Irlanda e na Grã-Bretanha, comuns em igrejas e cemitérios, que se apresentam em pé e com um círculo. Particularmente acho que é a fusão da cruz solar com a latina,mas isso é só uma observação amadora!


LÁBARO: O lábaro (labarum, em latim) de Constantino é um monograma de Jesus Cristo, do qual existem diversas formas. É formado a partir das letras gregas Chi (χ) e Rô,(ρ), iniciais de Χριστός (“Cristo”, em grego).


 
CRUZ PAPAL: Usada na heráldica eclesiástica. Também conhecida como Cruz Tripla ou Hierofante.


 
CRUZ PATRIARCAL: Outrora conhecida como Cruz de Lorena, possui um "braço" menor que representa a inscrição colocada pelos romanos na cruz de Jesus. Foi muito utilizada por bispos e príncipes da igreja cristã antiga; por vezes apresenta uma barra curta diagonal próximo ao seu pé, assemelhando-se a Cruz Eslavônica.

CRUZ DE SANTO ANDRÉ: Usada na bandeira nacional da Escócia, também é chamada crux decussata. Acredita-se que Santo André teria sido martirizado numa cruz deste formato. Em heráldica, dá-se o nome de sautor ou aspa à cruz em forma de X.


CRUZ DE SÃO JORGE: também usada na bandeira nacional da Inglaterra.

CRUZ DE SÃO PEDRO: Uma Cruz Latina invertida sobre o eixo horizontal (i.e., de cabeça para baixo), tem sua origem na crença de que São Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo. Nos dias de hoje está associada a grupos Anti-Cristo ou Satânicos.

CRUZ ESLAVÔNICA: Uma variação da Cruz de Lorena usada pela Igreja Ortodoxa Russa. A barra menor superior representa o apoio da cabeça. A barra diagonal inferior apontaria, para alguns, o céu (para cima) e o inferno (para baixo). As letras IC XC ao longo da barra principal são um monograma de Cristo. Também conhecida como Cruz Russa.


    

CRUZ ROSA CRUZ: Segundo os rosa cruz,esta cruz significa o corpo físico do homem, com os braços estendidos em saudação ao sol, ao leste. A rosa desabrocha no centro e representa a alma do homem, desenvolvendo-se dentro dele à medida que recebe mais luz. O uso da cruz em um altar, colocada em um rosário, ou em um pingente, funciona como a "Árvore da Vida", o emblema do eixo do mundo, situado no coração místico do Cosmos.


CRUZ SOLAR: Também conhecida como “disco solar” ou “Cruz de Odin” (por ser a representação deste deus na mitologia nórdica) Muitos a conhecem também por "Chalice Well, devido à História do Rei Arthur, que achava que o poço do Santo Graal tinha essa imagem no fundo.


CRUZ DE SANTO ANTÃO OU ANTONIO: Também conhecida como Cruz de Tau (“tau” é a letra do alfabeto grego equivalente ao T, cuja forma adota), Cruz Egípcia e crux commissa. . Para os irlandeses, representa o martelo de Thor, o deus da Justiça. Esta cruz significa o sinal "daquele que se faz cumprir". São Francisco de Assis costumava usá-la como sua assinatura.


CRUZ GAMADA: Originalmente era outro símbolo consagrado ao deus Thor. É um dos mais importantes símbolos da Humanidade, e representa a força criativa do Cosmos em movimento. Hitler usou esta cruz de forma invertida, conseguindo assim, atrair as forças destrutivas.

    

CRUZ DE MALTA: Seus braços estreitam na direção do centro e são chanfrados nas extremidades. Também conhecida como Cruz de São João.Também conhecida como "Cruz do Mestre Saint Germain", ela tem oito pontas, representando o número de quem busca conhecer a espiritualidade para, depois, finalmente, chegar ao número nove, que representa a sabedoria.

CRUZ GREGA: Uma Cruz Grega (reta, todos os braços de mesmo tamanho) seria um sautor se estiver girada 45 graus.

CRUZ DOS TEMPLÁRIOS: A Cruz dos Templários Portugueses, em 1160, era caracterizada pelos quatro ramos convexos, como podemos ver nesta foto que existe hoje no Convento de Tomar.


PRIMEIRA CRUZ DA ORDEM DE CRISTO: Cruz originalmente utilizada pela Ordem de Cristo de Portugal. Desde então tornou-se um símbolo de Portugal, utilizado nas velas das naus no tempo dos Descobrimentos e actualmente pela Força Aérea Portuguesa. Em 1357, aparece no Convento de Tomar a primeira Cruz da Ordem de Cristo, -- DERIVADA da Cruz dos Templários Portugueses, mas as bases das extremidades dos quarto braços são PLANOS.


SEGUNDA CRUZ DA ORDEM DE CRISTO: Em 1400, a segunda Cruz da Ordem de Cristo, com as extremidades côncavas.


TERCEIRA CRUZ DA ORDEM DE CRISTO-TORRE DE BELÉM-PORTUGAL: Nestas duas fotos das varandas da Torre de Belém, vemos claramente a segunda Cruz da Ordem de Cristo com as extremidades côncavas (do lado esquerdo a varanda virada para a foz do Tejo) e a terceira Cruz da Ordem de Cristo, com as extremidades terminando em 45 graus (do lado direito, varanda virada para a nascente do Tejo).

ORDEM DE CRISTO

CRUZ DE JERUSALÉM: Foi a insígnia do Reino Latino de Jerusalém, que existiu por cerca de duzentos anos após a Primeira Cruzada. As quatro cruzetas nos cantos simbolizariam ou os quatro Evangelhos ou as quatro direções nas quais a Palavra de Cristo se espalhou, a partir de Jerusalém. Ou as cinco cruzes podem simbolizar as cinco chagas de Cristo durante a Paixão. O símbolo pode ser visto no filme “Cruzada” (“Kingdom of Heaven”, em inglês), de 2005.


CRUZ FLORENCIADA: As extremidades dos braços têm forma semelhante à flor-de-lis.



CRUZ PATONCE: Intermediária entre a cruz pátea e a florenciada. Algumas fontes a chamam de Cruz floreada.

CRUZES PEITORAIS-SEC.VI-XI

CRUZ DE BONAVAL: Este tipo de cruzes de pedra, como a Cruz de Bonaval, são muito típicas na Galiza e na Bretanha, no norte de França. A sua principal função era a de assinalar um cruzamento de caminhos. Correspondem a antigos sinais de trânsito. Outra das suas missões, mas esta mais popular era a de proteger as pessoas que eram surpreendidas pela Santa Compaña. A Santa Compaña é uma lenda muito conhecida na Galiza, bem como noutras culturas.


Fontes:

Manuel Luciano da Silva, Médico.
Wikipedia.
CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
XAVIER, F. C. Contos e Apólogos, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974.
Encyclopædia of Religion and Ethics.

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